Thaís Russomano

A Via Láctea de Tintoretto

Por Thaís Russomano
Médica especializada em Medicina Espacial

Jacopo Robusti, pintor renascentista, nascido em Veneza, ficou conhecido por Tintoretto, pois seu pai, Batista Comin, trabalhava como tintureiro ou “tintore”, em italiano. Foi no local de trabalho do pai que o pequeno Jacopo teve seu talento revelado. Segundo consta, o menino começou a decorar as paredes da tinturaria. Batista logo identificou a propensão do filho para a pintura e o levou ao ateliê do famoso Ticiano, que passou a ensinar Jacopo a arte de pintar.

Era o ano de 1575 quando Tintoretto pintou A origem da Via Láctea. Esse quadro está hoje na National Gallery londrina. Nela, não há muitas pinturas de Tintoretto, mas essa obra, que retrata a lenda mitológica da origem do nome de nossa galáxia, encontra-se lá em exposição.

Zeus, o deus dos deuses, apaixonando-se por Alcmena, uma linda mulher. Sem poder conter seu amor, ele desceu ao mundo terreno e com ela teve um filho, um menino-herói e semideus, que recebeu o nome de Hércules. Preocupado com o filho bastardo e querendo passar-lhe a imortalidade divina, Zeus pediu a Hermes, o mensageiro dos deuses, que o raptasse, o levasse para o Monte Olimpo e o colocasse a mamar no peito de Hera, sua esposa, enquanto ela dormia. Hércules faminto, porém, sugou com tanta força o seio da deusa, que essa acordou assustada, empurrando o menino para longe. Com isso, as gotas de leite que estavam saindo do seio de Hera subiram ao céu, formando um caminho de leite ou via láctea.

Ao longo de séculos, as estrelas têm inspirado lendas mitológicas e obras artísticas. Duas delas, porém, sempre me chamaram a atenção: o quadro de Tintoretto sobre o faminto Hércules e os versos finais de uma poesia de Bilac - “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido; Capaz de ouvir e de entender estrelas”. ​

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